O êxito dos regimes corporativos, está inteiro nos sindicatos, isto é, grupo de trabalhadores. Afinal é em cima dessa instituição que se firma o Estado Corporativo. Ora, o Estado deverá firmar-se, sob pena de ir ao fundo, em bases muito solidas.
Para identificar-se com a nação, fazer, por assim dizer, os seus alicerces, é necessário ao sindicato formado pela massa de trabalhadores, pelo povo, só constitui segurança se esse povo possuir uma doutrina forte, baseada no Nacionalismo, na necessidade da existência das nações, da legitimidade do Estado.
Imagine-se uma nação onde os sindicatos se constituíram sem orientação segura: ou antes, toda a sua doutrina está contida na doutrina tradicional sindicalista que é a da luta incessante contra o Estado, contra a propriedade; atenuada essa doutrina aqui e ali, mas no final das contas, imanente, fazendo-se resíduo no fundo onde apenas a superfície é clara, e “inocente”. Fazemos um parênteses aqui, para declarar que achamos esse modo de ser legítimo, porque ele nasceu em consequência do descaso a que a liberal democracia (sob os mais diversos e despistantes rótulos) votou, muito especialmente, ao trabalhador sob salário. Mas se é legítimo em face de uma injustiça, é uma fonte de lutas perigosas, um condensador de ódios que se podem comprimir temporariamente, mas que toma força maior assim mesmo comprimido, e terá os seus estouros, as suas explosões fatais. Imagine-se, pois, uma nação onde o sindicato é isso exposto acima, com alguma pressa, mas com a sua expressão de fato nítido, a cuja explicação não se necessita nenhum luxo de palavras. Essa nação constitui o sindicato por base – ela está assentada num vulcão; se não houver forças muito vivas a ampara-la ela ruirá com estrondo.
Em todo o Estado, há a imprescindibilidade de se educar o povo fortemente. Mas a educação só se faz onde há pão, onde a miséria não cresce diariamente sob a indiferença dos bonzos…
Há uma minoria sim, minoria de bronze, cujo coração é de bronze e suporta as intempéries, as desgraças da Pátria, as opressões mais audazes, os despotismos mais estúpidos, tendo os olhos sempre voltados para a Pátria, pondo-se sempre ajoelhada diante do altar da Pátria, cheia de unção, cheia de vitalidade, cheia até, as vezes, de um ódio santo porque a Pátria é uma deusa forte e máscula, e desdenha a passividade. Como Remo e Rômulo, essa minoria criou-se aos peitos de uma loba, sob a indiferença dos governos maus, pusilânimes e inimigos da Pátria.
Às vezes o bronze, vivo, é abafado pelo monturo enorme que as ventanias, as tempestades criam. Mas tem sempre o seu dia de brilhar ao sol ─ o bronze eterno…
A miséria cada vez mais intensa entre certos povos abate caracteres que não eram muito fortes, e põem-nos ao redor dos agitadores venenosos, que têm sempre maneiras gentis para com os opressores, que lhe dão apoio veemente, mas que sempre os solapam.
Imagine-se um Estado Corporativo, cuja base é o sindicato, firmado em sindicatos de tipo tradicional e anárquico! Ou não é nisso que o Estado se firma, e portanto, ele não é corporativo ou, ao contrário, pensando firmar-se, está tão firme quanto um bloco de pedra em um atoleiro. Ou a hipocrisia demagógica ou a morte irremissível.
Dizem que há no mundo, governos que adotaram esse “corporativismo”; porque o que havia de aproveitável dentro da Nação, principiará a tomar uma mentalidade corporativista nítida.
Autor: Alfredo Peres. Retirado de “FLAMMA VERDE”, 1 de Janeiro de 1938