PSOL solicita extinção das Forças Especiais do Exército

As Forças Especiais são tropas militares utilizadas, especificamente, em guerras não-convencionais, atuando por meio de inteligência, espionagem, contrainformação, infiltração, sabotagem e guerrilha. Os militares que integram uma tropa de Forças Especiais e Comandos são voluntários que passam por uma série de rigorosos testes físicos e psicológicos, além, é claro, de constante e permanente treinamento tático em vários tipos de ambientações e climas.

A origem das Forças Especiais é antiga e remete à tempos remotos. Ainda na Antiguidade, o general e estadista cartaginês, Amílcar Barca, responsável pela conquista da Hispânia, tinha tropas bem treinadas e especializadas na Sicília, donde poderia lançar várias ondas de ataque ofensivo por dia. Com a marcha dos séculos, a história mostraria novamente o emprego de ações de Forças Especiais durante as Cruzadas, na qual Cavalheiros Templários e Muçulmanos tinham tropas especializadas em ações de ataque, guerrilha e assassinato. Já nas Guerras Napoleônicas encontramos unidades especiais de sapadores e atiradores, responsáveis por abrir caminho para as forças militares convencionais: infantaria, cavalaria, artilharia… Em fins do século XIX, durante a Segunda Guerra dos Bôeres, os britânicos organizaram a Lovat Scout, um regimento escocês especializados como batedores e em técnicas de combate. Após a guerra essa unidade militar escocesa se tornaria na primeira unidade de snipers do exército britânico. Poucos anos mais tarde, durante a Primeira Guerra Mundial, novas armas, táticas e conceitos surgiram no campo de batalha, na também chamada Grande Guerra de 1914-1918, os italianos criaram os Arditi; alemães, os Sturmtruppen; austro-húngaros, Jagdkommandos; otomanos, os Batalhões de Assalto de Constantinopla. Essas três Forças Especiais citadas foram marcantes por terem empregado ataques de choque contra as trincheiras inimigas utilizando muitas vezes, granadas, baionetas e punhais, se caracterizando por um brutal combate corpo a corpo. Na Segunda Guerra Mundial, surgiram Forças Especiais e Comandos que marcaram a história militar mundial através de seus feitos, como a Long Range Desert Group, o Special Air Service, Special Boat Service e Small Scale Raiding Force of Special Operations Executive, Gurkhas, King’s Regiment, britânicos; os Rangers, Devil Brigade, Alamo Scouts, e as Divisões 82 e 101 Airborne de Paraquedistas, dos Estados Unidos; o Regimento Brandenburger e SS-Jagdverbande, alemães; Decima Flottiglia MAS, italiana, entre algumas outras. Desde 1945 até a atualidade, muitas Forças Especiais surgiram e desapareceram. Outras, permanecem ativas até hoje, como os Rangers, Navy Seals e Green Berets, americanos; na França, ainda há a temida e profissional Légion Étrangère (Legião Estrangeira); na Rússia, há a Spetsnaz, GRU e SSO; Itália tem seu 9° Reggimento d’Assalto Paracadutisti; a Alemanha tem suas duas unidades de operações espaciais Kampfschwimmer (Marinha) e Kommando Spezialkräfte (Exército).

No Brasil, a história das operações especiais também é remota, e nos leva ao século XVII, durante a guerra contra as invasões holandesas ao território brasileiro. O pai das operações especiais do Brasil, é o militar Antônio Dias Cardoso, nascido no então Reino de Portugal. Antônio Dias, por seus feitos na defesa de Salvador, na batalha do Monte das Tabocas, de Casa Forte e de Guararapes, foi amplamente condecorado e recebeu o apelido de “mestre das emboscadas”. Suas impressionantes ações de guerrilha, infiltração nas linhas inimigas e emboscadas, obtendo o sucesso muitas vezes com número muito inferior ao do inimigo, fez com que Antônio Dias Cardoso fosse realmente considerado o pioneiro das operações militares que hoje conhecemos como operações de forças especiais e comandos.

O primeiro curso de operações espaciais realizado no Brasil, foi em 1957, e visava principalmente as tarefas de resgate, salvamento, e logo em seguida, contra “guerra revolucionária”, termo para tentativas de guerrilhas comunistas em território nacional, algo que se tornou realidade durante o Regime de 1964. Atualmente, as Forças Especiais Brasileiras, operam visando o contraterrorismo e ações de guerrilha, além de suas atividades já esperadas de infiltração, sabotagem, e outras funções. No Exército Brasileiro temos o 1º Batalhão de Forças Especiais (1º B F Esp.), 1º Batalhão de Ações de Comandos (1º B A C), e a 3ª Companhia de Forças Especiais (3° Cia F Esp); na Marinha, temos o Batalhão de Operações Especiais do Corpo de Fuzileiros Navais (ComAnf) e o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GruMeC); já na Força Aérea encontramos o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (Para-SAR). Cada um tem sua missão e especialidade, portanto, todos preparados e coordenados pelo Comando de Operações Especiais das Forças Armadas.

No dia 14 de dezembro, logo após a prisão do General de Exército da reserva, Braga Neto, os deputados da bancada do partido PSOL (extrema-esquerda), declararam que iam protocolar na Câmara dos Deputados, um pedido ao Ministério da Defesa, de extinção das Forças Especiais do Exército. O autor da iniciativa, o deputado psolista Chico Alencar, ainda incluiu um requerimento pedindo informações do funcionamento dos batalhões de operações de forças especiais das Forças Armadas. Tudo isso ocorre sob a alegação de uma suposta participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado logo após as eleições de 2022. Em resposta, o Exército Brasileiro afirmou que as Forças Especiais irão passar por mudanças em benefício do dinamismo da própria tropa e que isso não diz respeito a nada envolvido com a tese em questão. Em nota o Exército publicou: “O Centro de Comunicação Social do Exército informa que a Doutrina de Operações Especiais é dinâmica em todo o mundo e está em constante atualização. Alinhado com essa realidade, o Exército Brasileiro decidiu constituir um grupo de trabalho (GT) para identificar e propor ações voltadas ao aprimoramento da capacidade de Operações Especiais”. Sendo assim, as Forças Especiais serão reformuladas, mas não extintas.

Em conclusão, tendo em vista a importância das Forças Especiais desde o contexto histórico até o da mais pura geopolítica e força tática militar, parlamentares se unirem pedindo a extinção das Forças Especiais do próprio país é uma atitude totalmente antinacional, de ataque até mesmo à própria soberania do Brasil e às Forças Armadas, devendo isso se configurar como ação de lesa-pátria.

Autor: Carlos Ribeiro.

Postagens relacionadas

Deixe um comentário