Razões da Nossa Força

Tudo se poderá negar ao Integralismo, porém uma coisa não se pode mais negar: – que ele constitui hoje o maior partido da República.

É o único “partido nacional”, registrado no Superior Tribunal Eleitoral do país.

As estatísticas levantadas, não por mim, porém pela Justiça Eleitoral, demonstram a seguinte colocação, pelo número de votos levados as urnas nas últimas eleições municipais.

As estatísticas levantadas, não por mim, porém pela Justiça Eleitoral, demonstram a seguinte colocação, pelo número de votos levados as urnas nas últimas eleições municipais:

1 – Partido Progressista de Minas Gerais;

2 – AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA;

3 – Partido Liberal do Rio Grande do Sul;

4 – Partido Republicano Paulista;

5 – Partido Republicano Mineiro.

Em confronto, não mais com os partidos do país, porém com os Estados da União as estatísticas das mais recentes eleições nos apresentam este quadro:

1 – Minas Gerais (soma dos dois partidos, P.P. e P.R.M.)

2 – São Paulo (soma dos dois partidos, P.C. e P.R.P.)

3 – AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA;

4 – Rio Grande do Sul (soma dos dois partidos, P.L. e F.U.)

O Integralismo não pode ser considerado apenas pelo que ele apresenta numa cidade, isoladamente, porque ele está em todas as cidades do Brasil. É um partido nacional.[1]

Até há pouco, no jogo das forças políticas, levavam-se em linha de conta três grandes Estados: S. Paulo, Minas e Rio Grande do Sul. Agora pode-se dizer que apareceu um quarto grande Estado, que é o Integralismo.

Como se sabe, há um fator de vitalidade e de progresso para os partidos, que é a perseguição. Para nossa fortuna, esse elemento propulsor já começou a atuar em alguns Estados, tendo já determinado rápido aumento de nossas inscrições. Se Deus nos ajudar, não nos deixando faltar perseguições, contamos empolgar definitivamente a opinião pública. Se for assim, de Tiradentes ao grito do Ipiranga; se foi assim, quando a Monarquia iniciou em 1888/89, remoções e vexames contra os republicanos; se foi assim em todas as épocas e em todos os povos, nós, Integralistas, devemos receber com grande alegria essa valiosa colaboração dos nossos adversários, lembrando-nos, principalmente, do que aconteceu em Roma, com os cristãos.

O que já não se pode negar é que somos uma força nacional. O “partido nacional”, sonho frustrado de Ruy Barbosa, Pinheiro Machado, Nilo Peçanha, assim como dos grandes próceres atuais da República, está realizado pelo Integralismo. E, o que é mais extraordinário, o “partido nacional” constitui apenas um dos aspectos do nosso prodigioso movimento, pois somos, além disso, uma “ação cultural”, uma “ação educacional”, uma “ação social”.

Como “ação cultural”, nossas atividades abrangem, desde a alfabetização do povo (fazemos funcionar em todo o país cerca de 1.000 escolas primárias), até aos cursos dos altos estudos, (promovemos cursos e conferências sobre Filosofia, Economia, Direito, Pedagogia, História, etc.; publicamos já mais de 50 livros sobre esses assuntos; temos uma revista de cultura cujos artigos são frequentemente transcritos no Exterior). Como “ação educacional”, mantemos centros, escolas e academias de cultura física, moral e cívica, promovemos comemorações de grandes datas e de vultos nacionais, em todo o Brasil; mantemos, ainda, secretarias e departamentos de cultura artística, promovemos cursos, conferências, exposições, concertos, abrangendo a literatura, a pintura, a escultura, a arquitetura, a música, e cultuamos a memória dos grandes artistas nacionais, como se viu, em Julho, na concentração de Campinas, em homenagem a Carlos Gomes. Como “ação social”, nosso esforço se exerce no duplo sentido: de combate ao comunismo e de assistência social. Aquele combate é exercido pela propaganda doutrinária intensa e extensa, pela luta em prol de reivindicações justas das massas populares de Moscou, pela arregimentação de brasileiros para, em qualquer momento, levantarem-se, organizados, contra qualquer golpe soviético. A assistência social nós a exercemos fazendo funcionar ambulatórios médicos, lactários, agências de colocação, pequenas farmácias, gabinetes dentários, centros de pequenos socorros.[2]

O Integralismo movimenta toda esta máquina de salvação nacional através de uma organização perfeita, cujo segredo de funcionamento resiste a quaisquer perseguições, por mais violentas que sejam. Esse segredo reside na milagrosa “mística” de nosso movimento. Quem duvidar disso que assista um dia a morte de um camisa-verde, já não digo de um camisa-verde tombado pelos comunistas, mas de um camisa-verde que morre de morte natural. É um espetáculo tocante. Nenhum deixa de pedir a sua camisa-verde para se apresentar com ela diante de Deus. É que eu não tenho ensinado aos integralistas que o triunfo está no êxito, porém que o triunfo está no dever cumprido numa hora histórica em que a humanidade se divide em dois campos: um dos materialistas, outro dos espiritualistas.

O respeito, a consideração, o entusiasmo em nossas fileiras não é pelos cargos que o integralista ocupou ou ocupa, mas é pelo número de sacrifícios, de sofrimentos porque ele passou. Ainda hoje, segundo me informa o Chefe Provincial de S. Paulo, vai presidir a grande reunião comemorativa da “noite dos tambores silenciosos”, nesta capital (cerimônia que se realiza segundo o nosso ritual, em todas as cidades brasileiras, em todos os navios, em todos os lares, e até nos cárceres e hospitais, a mesma hora), não o integralista de maior projeção social ou no movimento, porém a viúva de Spinelli, mártir, que tombou pela Ideia há dois anos.

Esse é o segredo da nossa Força.

Se eu tivesse tido o bafejo de algum poderoso, quando lancei o Manifesto de 7 de Outubro, em S. Paulo, o qual se irradiou por todo o país, eu nada teria conseguido, pois as adesões seriam apenas de interesseiros. A sorte de nosso movimento foi ter nascido na pobreza, por ter sofrido o desprezo, o pouco caso, a ironia, a chalaça, agressões de bolchevistas, perseguições, ameaças, violências, prisões. Foi isso que deu força ao Integralismo.

Foi uma obra de seleção. Entraram para o Integralismo tipos selecionados, com grande capacidade de resistência moral, forte estrutura de caráter, extraordinária vibratilidade de sentimento e poder de emoção criadora. Os fracos não resistiriam as dificuldades. Este movimento era um recrutamento de fortes.

Se tivéssemos facilidades de empregos, de dinheiro, de propaganda pela imprensa ou pelos métodos modernos, nada faríamos. Eu percorri todo o país, curtindo necessidades. Multiplicavam-se os idealistas que também se opunham em marcha apostolar. Marcha penosa, sem recursos de dinheiro, sem comodidades.

Chegávamos humildemente as cidades brasileiras. Que prometíamos? Sofrimentos. “Nada damos e exigimos tudo” era a nossa palavra. Afirmávamos porém que Deus não se esqueceria daqueles que, para espiritualizar o Brasil, para construir a Grande Pátria Cristã, souberam esquecer os partidos, os interesses, as amizades, as vaidades, o conforto, enfrentando todas as agressões morais e físicas dos maus. Afirmávamos que os nossos descendentes saberiam um dia fazer justiça aos nossos propósitos. E foi assim que eu consegui arregimentar um milhão de brasileiros.

Neste dia 7 de Outubro, IV. Aniversário do nosso Manifesto e II.º Aniversário do sacrifício cristão da Praça da Sé, onde tombaram mortos, pelos comunistas, Caetano Spinelli e Jayme Guimarães, com o pensamento neles e em Nicola Rosica, primeiro mártir, que caiu ao meu lado, em Bauru, é com profunda emoção que me dirijo aos paulistas nas colunas do primeiro número diário integralista da minha Província natal. Este é o 6º diário integralista do Brasil, onde já se publicam também uma centena de semanários do Sigma, uma revista ilustrada e uma de alta cultura.

Que Deus proteja este jornal na terra onde nasceu a Ideia Integralista. Que esteja com ele, como esteve conosco no primeiro desfile de algumas dezenas de camisas-verdes, na tarde de 23 de abril de 1933. Que o anime com esse sopro de inspiração que não nos faltou na hora inicial, como não nos falta nesta luta gloriosa, como não nos faltará nos sofrimentos, como não nos faltará no triunfo esplêndido na Grande Pátria realizadora do maravilhoso sonho dos sertanistas e dos evangelizadores da selva!

Autor: Plínio Salgado. Retirado de “ACÇÃO”, 7 de Outubro de 1936.

Notas:
[1] “O único partido nacional que existiu no Brasil depois da proclamação da República foi a Ação Integralista Brasileira. Os partidos do Império já praticamente não existiam quando o golpe de Estado do Marechal Deodoro surpreendeu a Nação. Eles tinham perdido a sua vitalidade, desde quando, nos meados do século, o Marquês do Paraná organizou um ministério de conciliação visando apenas a obra administrativa com absoluto desinteresse pelas ideias políticas. A partir da queda do gabinete de Zacarias de Góis, começou a interferir na vida política do país o poder pessoal do Imperador, desejoso de fazer funcionar o sistema parlamentar, ainda que artificialmente, uma vez que, subindo ao poder, cada partido pretendia eternizar-se nele. Essa interferência de D. Pedro II acabou de esfacelar os partidos, os quais já não possuíam mesmo nenhum poder de sedução sobre o povo brasileiro.” – Retirado de “O Integralismo na Vida Brasileira”.

[2] Todos os núcleos da Ação Integralista Brasileira, como regulado no documento “Protocolos e Rituais”, no artigo 89, deveriam ter Escolas de Alfabetização e um Posto Médico, destinado a todos os brasileiros.

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