Um pensador importantíssimo que contribuiu bastante para o pensamento corporativo e para o advento da ideologia Nacional-Sindicalista no Brasil, foi Olbiano Gomes de Melo. A vasta obra de Olbiano de Melo discorre acerca desde um dilema (Comunismo ou Fascismo?) até os problemas econômicos mais profundos.
Em sua obra “Comunismo ou Fascismo?” de 1931, Olbiano de Melo já lança as bases de um pensamento importantíssimo, que futuramente, iria frutificar em um movimento extenso. Na obra em questão, o autor discorre sobre as diversas correntes Socialistas. De modo consagrador, já rebate um antigo mito difundido por certos asseclas de Marx (em uma tentativa chucra de galgar um eleitorado Cristão), mito este que o Cristianismo era Comunista. O Cristianismo — sempre guiado pelo Espírito de Caridade — pregava a comunhão de todos os bens na terra e o afastamento de todos os prazeres mundanos.[1] Como já analisado por Matheus Batista no excelente livreto “Nós, os Integralistas”, a Rússia Bolchevista reduziu o Homem a uma máquina que come e faz sexo.[2] O Comunismo, em tudo que faz, não se afasta dos prazeres mundanos. Muito pelo contrário. Resumindo as palavras de Olbiano, o Cristianismo dá (caridade), o Comunismo toma (violação de um Direito do ente humano).[3]
Algo muito visível em sua obra é o Sindicalismo. Não o Revolucionário Comunista — Mas um com laços estreitos com o Cooperativismo. Citação de J.J. Soares: “Para contornar as dificuldades, criaram-se, mais tarde, ao lado dos sindicatos, as sociedades cooperativas a eles estreitamente unidas, apesar de terem existência própria, com separação de caixas e responsabilidades.”[4] O Cooperativismo é, na definição de Olbiano de Melo, “uma sociedade de pessoas agregadas para, sob a mesma bandeira, mutuamente se auxiliarem.”[5] A obra de Olbiano está repleta deste pensamento de mútua cooperação entre as classes sociais. “Todos por um e um por todos!” seria a definição de Cooperativismo para De Melo.
Todo este pensamento Sindicalista e Cooperativo, nos faz cair na dúvida sanada pela própria obra: Comunismo ou Fascismo? O pensamento de Olbiano de Melo tendeu, bastante, de fato, ao Fascismo. A obra citada (apesar de seu caráter mais analítico e imparcial) serve mais de crítica ao Bolchevismo do que ao Fascismo. Por quê? O motivo disto é simples. Olbiano cria que o Fascismo era o respeito às instituições, à família, à propriedade e à hereditariedade — tudo isto (nas palavras do autor) dentro de um espírito cristão.[6] Agora, que fazia o Bolchevismo? Instaurava o Materialismo, com diversas organizações com o objetivo de combater a Religião direta ou indiretamente.[7] Nas palavras do próprio, “Arrancou-se violentamente Deus das escolas, dos lares, das Igrejas.”[8]
Mas Olbiano de Melo via o Fascismo como uma saída para o Brasil? Ele via o Fascismo como um mero corporativismo econômico e não político. Via como um regime ditatorial e monárquico. Dois regimes que ele não os via como a saída correta para os problemas Brasileiros.[9] Aponta que devemos criar algo brasileiro e americano, um Sindicalismo-Nacionalista. Democrático e Republicano.[10] Apesar disto, Olbiano de Melo reconhece que já atuava no sentido de fundar um partido com uma programação nitidamente fascista.[11]
Com este pensamento influenciado pelo Corporativismo e pelo Sindicalismo, pelo amplo reconhecimento de seus ensaios, sendo elogiado até por Oswaldo Aranha,[12] seu trabalho havia chegado nas mãos de um intelectual Paulista, que havia fundado uma certa Sociedade de Estudos Políticos. Era Plínio Salgado. Em uma carta destinada à Olbiano de Melo, em 1 de Março de 1932, Plínio Salgado o convida para participar do (nem tão) pequeno grupo de estudos.[13] Pequeno grupo este que era o gérmen da Ação Integralista Brasileira, movimento que Olbiano de Melo não apenas fez parte, mas foi um importante doutrinador.
“Quem diz integralismo, diz sindicalismo-nacionalista-corporativo”.[14] Olbiano de Melo teve suma importância na palavra e no pensamento Integralista. Suas obras foram pioneiras no trabalho analítico dos Corporativismos e Nacionalismos, tão em voga na época. Seu trabalho é direto ao ponto, explícito. Francamente Nacionalista, Republicano. Índole intrinsecamente brasileira. O espiritualismo é parte central, também, de seu trabalho. “A filosofia espiritualista, pois, afirma o Homem Integral, isto é, o homem matéria, o homem-sentimento, o homem-razão.”[15]
Não estou abordando aqui a inteira complexidade de sua majestosa obra. Tento fazer, aqui, uma pequena introdução ao pensamento deste intelectual pouco valorizado. Temos pensadores, além de Olbiano, que deram de tudo por esta Pátria, que a tudo se dedicaram. Alberto Torres, Farias Brito, Jackson de Figueiredo, etc. O pensamento político e econômico de Olbiano de Melo me cativou não pela sua complexidade, mas sim pela sua simplicidade. Olbiano consegue postular em poucas páginas um pensamento concreto, uma crítica analítica e séria, sem perder tempo para sofismas. Não é daqueles que aponta somente os problemas, também aponta as soluções.
Meu minúsculo ensaio sobre este grande autor resume pouco de sua obra, mas o importante é, sem sombra de dúvidas, tirar do obscurantismo uma obra clara, edificadora e fascinante. Seu pensamento republicano e sindicalista não será esquecido.
Viva Olbiano de Melo!
Pelo bem do Brasil, Anauê!
Autor: J.M.
Notas:
[1] DE MELO, Olbiano, Comunismo ou Fascismo?. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1937. p. 37.
[2] BATISTA, Matheus, Nós, os Integralistas. Brasil: Nova Offensiva, 2021. p. 4.
[3] DE MELO, Olbiano, Comunismo ou Fascismo?. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1937. pp. 38-39.
[4] Ibid., pp. 68-69.
[5] Ibid., p. 46.
[6] Ibid., p. 103.
[7] Ibid., págs. 89-92.
[8] Ibid., p. 92.
[9] Ibid., p. 132.
[10] Ibid., p. 133.
[11] DE MELO, Olbiano, Razões do Integralismo. Rio de Janeiro: Schmidt-Editor, 1935. p. 20.
[12] COUTINHO, Amélia. OLBIANO GOMES DE MELO, FGV CPDOC, c2009. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/olbiano-gomes-de-melo. Acesso em: 30/09/22.
[13] DE MELO, Olbiano, Comunismo ou Fascismo?. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1937. págs. 139-142
[14] Ibid., p. 30.
[15] DE MELO, Olbiano, Concepção do Estado Integralista. Rio de Janeiro: Schmidt-Editor, 1935. p. 18.