HÉLIO GRACIE NÃO ERA FASCISTA; ERA INTEGRALISTA!

Tempos atrás um tal historiador (que mais merece o título de estoriador) com muito esforço descobriu algo que todo integralista iniciante sabe: que Hélio Gracie foi integralista. E nesse mesmo ímpeto de descobrimento de algo já descoberto, Guga Noblat disse o mesmo do passado do Mestre Hélio.

É importante, antes de entrarmos mais no assunto, ressaltar a burrice imensa, tanto do tal pretenso historiador como de Guga em confundir o Integralismo com fascismo, sobre isso falarei melhor adiante, mas o que deixo adiantado é que Hélio Gracie não era fascista; era integralista.

A verdade é que não só o criador do Jiu-Jitsu brasileiro foi da Ação Integralista Brasileira, como seus irmãos Carlos e Jorge Gracie também, basta vermos a atuação dos irmãos exposta no principal jornal integralista da época “A Offensiva”.

A notícia foi veiculada no UOL e possui inúmeros erros, alguns obviamente intencionais, em que há distorções de fatos, cinismos e toda a patacoada que já nos é familiar vinda de nossos detratores, na tentativa absurda de nos similar ao fascismo ou ao nazismo. 

Depois que saiu essa notícia, na época, o Mestre Rorion Gracie publicou, também no UOL, dizendo que seu pai não foi integralista (contrariando tanto o estoriador, como os fatos públicos e notórios), afirmando ainda que a AIB (Ação Integralista Brasileira) o tinha usado apenas como garoto propaganda e que a única ideologia política do Hélio era o jiu-jitsu — seja lá qual for o plano político nacional do suposto jiujitismo…

Nesse tempo, indo na mesma linha de Rorion, o Professor Pedro Valente, em entrevista ao Rodrigo Constantino no seu canal do YouTube, defendeu a narrativa de que Hélio apenas era um garoto propaganda. E tornou a dizer o mesmo recentemente, em reação às baboseiras do Guga Noblat, num pronunciamento em seu perfil do instagram, que Hélio ter usado a camisa-verde foi apenas por publicidade e que o Mestre não foi nenhum ideólogo do Integralismo.

Pois bem, farei uma breve análise de tudo isso que foi exposto.

Repito mais uma vez que definitivamente o Mestre Hélio Gracie não foi nenhum fascista; ele era um integralista! 

Ideólogo é quem escreve livros sobre uma determinada ideologia, coisa que Hélio realmente não fez. Mas militante integralista ele era, sim.

Se depois da AIB, findada nos anos 30, ele se desiludiu da doutrina e se não quis mais militar por ela, tudo bem — são muitos os que assim se encontraram. Embora isso nos pareça também inverossímil, visto que a nós já chegaram relatos de alunos frequentadores da academia que Mestre Hélio ensinava dizendo que há ou que havia lá um quadro de Plínio Salgado (Perpétuo Chefe do Integralismo). Isso, nós não sabemos se é apenas um boato, mas de toda forma se havia lá um quadro do Chefe, a família já deve ter dado de conta de sumir com ele, visto seu esforço de esconder o glorioso passado político do Mestre Gracie.
Aliás, após os anos 30 os integralistas se arregimentaram principalmente num partido político, que era o PRP (Partido de Representação Popular), porém muitos outros integralistas se filiaram ao PSD (Partido Social Democrático), que um dos líderes era Juscelino Kubitscheck (este que nunca escondeu suas simpatias e admirações por Plínio Salgado), entre quais estavam o João Carlos Fairbanks, Mons. Walfredo Gurgel, José Guiomard e, entre tantos outros*, o próprio Hélio Gracie, tendo se candidatado a Deputado Federal. O PSD era o segundo partido com mais integralistas.

Mas querer dizer que o próprio pai, como fez Rorion, foi só um garoto propaganda para a AIB foi um desrespeito tanto para a memória do Mestre, quanto para a AIB.

Não faz sentido dizer que a AIB usou o Hélio como garoto propaganda, já que há uma foto dele fardado. Fato é que só podia usar o uniforme integralista quem fosse filiado à AIB. Deixo claro que os protocolos eram seríssimos quanto a isso, sendo necessário fazer juramentos para adentrar às fileiras do Sigma, no mesmo teor de seriedade que hoje a FIB (Frente Integralista Brasileira) faz. 

Imagine juramentar por Deus e por sua própria honra, para ser só um garoto propaganda! Que desonra para o Hélio Gracie! 

Mestre Rorion também não citou nada que comprovasse isso, de que o seu pai tenha mesmo sido apenas um “garoto propaganda”. Ora, já que o juramento é padrão, caberia a eles provarem que Hélio usou a camisa-verde sem pertencer à AIB. 

Em segundo lugar, o integralismo já possuía milhares de adeptos em toda uma rede estendida e organizada por todo o país quando o Hélio participou da AIB — enquanto o Mestre era ainda iniciante e não era nacionalmente famoso. Certamente, a gente pode conjecturar, que a grande mídia criada pelo Integralismo com jornais na maioria dos municípios do Brasil atuando ferrenhamente deve ter sido um dos fatores que contribuiu para a popularização de Hélio Gracie e do Jiu-Jitsu em si. 

Figura 1 – Hélio Gracie fardado com a camisa-verde. Ao seu lado, de paletó, seu irmão Carlos Gracie. A Offensiva, 3 de junho de 1936.

E não foi só naquela edição da A Offensiva que teve a participação dos Gracie; são muitos os jornais integralistas que fazem menções a ambos. Por exemplo, noutro jornal integralista chamado “A Razão”, na página 8, edição 92, de 1936, mostra que Mestre Hélio estava, inclusive, participando de um desfile com mais de 82 atletas da Escola de Educação Física Integralista, reafirmando a convicção de que a grande lenda do Jiu-Jitsu brasileiro era integralista, já que era um evento interno da AIB.

Qualquer pesquisa minuciosa faz cair por terra todas essas narrativas mentirosas que buscam negar a ligação entre o Mestre Gracie e o Integralismo.

Figura 2 – Plinianos lutando jiu-jitsu na Ilha do Governador em uma festividade promovida pela Secretaria Nacional de Organização Política, 26 de Abril. Revista Anauê!, maio de 1936. p. 10.

Já sobre o que disse o Professor Pedro Valente do Hélio ter sido uma ótima pessoa e que até hoje é admirado em variadas partes do mundo, isso deu a entender que alguém tão bom como o Mestre Gracie não poderia ter sido um integralista. Não sabe o Professor, nem qualquer um que siga esse tipo de raciocínio, o que realmente seja o Integralismo.

A doutrina do Sigma é um feixe de ideais cristãos, humanistas e patrióticos. O Integralismo é um movimento que funciona como uma escola de civismo, de autossacrifício, de entrega, de nacionalismo, inspirando jovens tanto a amarem mais suas famílias, sua pátria, a cultivarem uma vida de estudos e de atividade física e a terem uma vida religiosa ativa. 

É um erro tremendo confundir um ideal tão alto e puro de amor a Deus e à pátria com qualquer ideologia que queira instrumentalizar o homem ao Estado, que pregue qualquer tipo de violência institucional, que defenda qualquer estatolatria, enfim. Expõe-se ao ridículo quem vê o Integralismo com visão tão rasa e estúpida.

O Integralismo combate o racismo, combate o socialismo, combate as ideologias defensoras do aborto e da eutanásia e se põe na luta pelos justos Deveres e Direitos Humanos. O que queremos, como integralistas, é a construção de uma pátria forte e próspera. Então eu lhes pergunto: que há de ruim nisso? 

Ter alguém tão bom quanto o Hélio como integralista mostra que o integralismo está lotado de gente que tem sinceras preocupações com o bem geral do povo, que está cheio de humanistas. 

Basta-nos ver o contexto político daquela época, nos anos 30, em que os ânimos estavam acirrados e pairava no ar a tensão de que a qualquer momento poderia estourar uma guerra civil em nosso país, e o Hélio, como um bom brasileiro preocupado com sua pátria, não ficou inerte assistindo tudo ruir-se; adentrou às fileiras do Sigma!

Proponho a quem leia este texto que largue de mão, um minutinho sequer, do que vê por aí em manchetes e em resumos a nosso respeito. Dê-se ao trabalho nada custoso de entender um pouco mais do que o Integralismo realmente se trata.
Nossa doutrina política nada tem a ver com nazismo ou fascismo. 

Integralismo — além de nacionalista (naturalmente nega ideologias estrangeiras) — é anti-racista, tendo tido militantes negros icônicos, como João Cândido (o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata), Abdias do Nascimento (que pertenceu à Frente Negra Brasileira e que, depois, mudando de pensamento, tornou-se um dos ícones do movimento racial), Dr. Dário de Bittencourt (que, sendo negro, era presidente da AIB no estado do Rio Grande do Sul – onde mais tinham adeptos do nazismo, uma clara afronta aos camisas-pardas) e tantos outros que eram negros e que participaram tranquilamente do movimento, galgando postos de liderança nos altos quadros da AIB. 

Vale frisar que a AIB foi um dos primeiros partidos a incentivar a participação dos negros na política brasileira. Nós não fazemos discriminação racial nenhuma; se alguém é brasileiro é nosso irmão e sofre das mesmas dores que nós e não pode deixar de lutar pela construção de uma pátria melhor e mais próspera para todos, à medida que os Deveres e Direitos Humanos sejam defendidos com devem, como problemática antes de tudo humana, para que não se caia nalgum discurso racista ou exclusivista. 

O integralismo não quer um estado absorvente e totalitarista que sufoque o indivíduo e que lhe fira os direitos de propriedade e de liberdade. Aliás, tanto não queremos, que uma de nossas principais bandeiras é o municipalismo e a preservação dos sindicatos como órgãos independentes do Estado. 

Portanto, vemos o cidadão como anterior ao Estado, e jamais permitimos que um se exceda sobre o outro; o Estado é apenas uma ferramenta para o exercício político humano. Isso vai diretamente contra o fascismo e o nazismo, que colocam o cidadão como ferramenta do Estado. 

Ainda na matéria da UOL sobre o Hélio ser integralista, vemos a tentativa infame de associar a doutrina do sigma ao nazismo, usando uma imagem em que há duas sedes vizinhas, uma da AIB e outra do partido nazista brasileiro. 
Lá na referida publicação eles mentem descaradamente dizendo que era a mesma sede, mas compartilhada. Mentira sem vergonha! 

Na foto, são duas sedes diferentes, uma vizinha à outra. E a história por trás desse registro é absolutamente oposta ao que a matéria deu a entender. Acontece que os nazistas fundaram uma sede numa cidade do RS, e os integralistas, para cooptarem os brasileiros de origem alemã interessados em fazer militância política, fundaram outra do lado. 

É interessante ver que na fotografia há negros em frente ao prédio da AIB, sendo uma clara provocação aos nazistas. A rixa entre os militantes do partido nazista e os camisas-verdes era amplamente conhecida por todos. Os hitleristas tinham ódio do Integralismo e chegaram a dizer que queríamos “caboclizar o ariano”. Além do mais, os partidos nazistas e fascistas, no Brasil, representavam a influência estrangeira em nosso país e foram combatidos como tal.

Bem, isso é algo que já cansamos de explicar. Indico apenas que leiam as fontes primárias, que estudem o integralismo e parem de se ater a propagandas dos nossos inimigos. Não tenha vergonha, brasileiro, de consumir o que o Integralismo produziu de qualquer conteúdo, pois tudo isso foi justamente feito para você.

Deixo-lhes, para findar este texto, com o sentimento de que tenha esclarecido a muitos sobre essa polêmica, as saudações de duas das principais coisas que mais contribuíram para minha edificação intelectual, física e cívica, aos integralistas e aos jiujiteiros:

Anauê! Oss!

Autor: Jonas de Mesquita. Presidente Provincial do núcleo potiguar da Frente Integralista Brasileira, bacharel em Direito. Também é autor do livreto “Nós, os Integralistas”.

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